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ENTREVISTA COM LULU SANTOS - 02/08/02

Apesar de estar envolvido com o lançamento de seu mais recente CD "Programa" , Lulu Santos concedeu entre o Show do Canecão no Rio e o do Credit Card Hall em São Paulo, uma entrevista para o Vintage Guitar.
Então vamos à ela :

Fernando: Lulu , conte-nos do começo , de suas primeiras guitarras.

LULU: Já tive muita guitarra,muito instrumento.
passei a diante,algumas doei,uma vez só troquei.
as q tenho d uns 10 anos p'ra cá,as boas mesmo,as d fé,irmãs-camaradas mêrmo,tem acabado ficando.
isso a partir da strato custom shop,tiger sunburst,com as costas do corpo dark burgundy,um escândalo! comprei na matt umanov na west bleecker,na mão do zeke,dick,shit...seilá,um monosilabo desses,em 92.fiz os solos do mondocane com ela.
mas a primeira d todas em 66 foi uma coisa intitulada ghi,uma guitarra japonesa
meio d brinquedo q meus pais me trouxeram d presente d uma viagem a américa,
d farra,um pouco p'ra ver se me saciava daquilo e eu deixava cair,laisser tomber.
pas du tout.
a ghi era espantosamente quá quá,não tinha jeito,um corpinho pequenito,ridiculo,desbalanceado,um pick-up,o escudo d metal espelhado,se me engano,o braço empenado e duro q nem pedra,a guitarra era o cão.
eu olhava p'ras fotos do hendrix co'a strato branca em woodstock,o p.townshend co'as sg q ele espatifava,o vermelho cereja da 355 do alvin lee,comparava com a niponga e pensava:nah...
nessa é poca conheci um tipo q fazia u'as muzgas,cantava,se apresentava muito em festival d colégio e tinha uma de-armond semi acustica,sunburst,q tinha sofrido um acidente d mal trato e apresentava um rombo na parte inferior do corpo.um dos pick-ups,o da frente,ficava pendurado pelo fio,pq tinha se extraviado o parafuso q o prendia no calço d madeira q fixava o negócio na bicha.
apesar disso,era um instrumento, uma contrafação com a minha.
acabei tocando com o cara só por causa da de armond e,no fim,ganhando co'ele o festival do colégio são bento.
fiquei totalmente caído pela guitarra,e,p'ra todos os efeitos a sequestrei,na minha concepção e cozmogonia,não tinha hipótese daquilo escapar d mias m›es.rrárrárrá!
eu a alimentei tratei d seus ferimentos e fiz o melhor q podia com os parcos recursos d q se dispunha no país na época,e com meus ainda mais raros conhecimentos da questão.
ignorante,ousado,pero!
teve um episódio em q enfie nas idéias d reformar as danadas,uma espécie d pitanguitarra.
a primeira a entrar na faca foi a ghi. me lembro como,arrumei(eu acho,isto foi há tanto tempo...) uns pickups,encomendei q se lha pintasse d uma cor creme(como a strato d heliós ao nascer do sol em w/n.y./69) e substituir o pickguard por uma coisa d plastico branco,e se me trai a mnemória,fiz com q se enxertasse um pedaço d madeira esculpida no corpo p'ra ficar com o cutaway inferior menos embaraçoso!!
não...nada disso...,..eu 't™ louco,isto tudo foi com uma segunda guitarra, com a ghi...exatamente... tive q arrumar pickup nenhum,nem tinha isso naquela época,
era o seguinte,teve esta gianini baratinha,tb um pouco d brinquedo ma non troppo,mas tb azul(mentira era bordeaux...pode?guitarra bordeaux?) e sem cara d guitarra d hippie,sem cara d fender e gibson q era o tesão dos tes›es da vida.
o claudinho stevenson,na época auto proclamado melhor guitarrista do rio(o q acabaria,em seu campo sendo),ainda moleque,muito antes d fundar a banda black rio e posteriormente ser uma das primeiras pessoas a morrer d aids no rj,andava com uma pagina d guitar player arrancada no bolso,com um anuncio d uma les paul custom preta,foto d pagina inteira,a gente babava co'aquilo,um fetiche só.
então,a japonesa(a primeira da história aí em cima) virou um arco e flexa d tão empenada e impossivel,tinha custado 35 dolares.foi p'ro lixo,a substituiu esta gianini q d fato era mais instrumento,mas feia q nem a necessidade,ridicula,com um excrescencia estranho no
corpo q fazia dela coisa d desenho animado,jetsons saca?pensando bem devia ser bem engracada,mas na época eu queria guitarra d inglês,d mick taylor,les paul,o riff d can't you hear me knocking,ou pior o d honky tonk women.
pobrema mêrmo era woodstock com aquele som e imagem fuderosos d 70 mm,era igual ver lawrence da arabia rock,e pouco depois o gimmie shelter com as dan armstrong transparentes e os ampeg.
a imagem do carlos santana d coletinho,menino,magrinho,os braçinho fino,chupando as bochechas p'ra fazer a sg (com p90)cantar,segurando o botão d volume p'ra não apitar,aquele fraseado d mariachi blues,em cima daquela congada furiosa d chepito,uma coisa.o alvin lee esmerilhando aquele rockabilly cockney a mil por hora,deixou a garotada aplastrada.
o filme fica mitico mesmo,qdo o anunciador diz:ladies and gentlemen,the who e vem aquele furacão e uns braços girando.
o truque alí,cheguei a conclusão,é a baixa frequencia,o volume da coisa(ah,paulo silvino!)o tal do entwistle move um ar,meu amigo,amiga dona d casa,q é bolhinho,saca?
o q define o pesado d um som é a baixa,não adianta,o riff tem q sr low e a o baixo tocar junto(wholle lotta love,alguem?),quem inventou isso foi o zep,quem excelentizou foi o purple(melhores riffs...duvidas?)mas quem descobriu o caminho das indias do peso foi a baixaria fundamental do 'da 'oo'.
metade do cinema hollydiano moderno é baseado nesta assunção,pensa em 'twister'('t™ falâ'no no filme dos tornados,p™rra)sem os graves do furacão e ninguem vai acreditar. vou ficar catando outros exemplos,vc deve saber uma porrada.
baixa frequencia,grave,faz o ser humano ter mêdo,lembra trovão,coisas primordiais,arquetípicas,alem disto o próprio planeta tem uma baixissima fundamental e todo os seus harm™nicos,o som da terra girando no espaço,um ciclópico tone wheel planetário.
então...com esta baixa toda rendendo a gente,os estertores do pete townshend suas harmonias viajantes,som puro,echo d fita,e sua lendária incapacidade d fazer um solo até o fim sem q seu descontrole emocional o paralize,fora o q,no fim ele espatifa o negócio mêrmo,e a gente compra o lote d olho fechado pq é dubão.

Fernando: Soube que certa vez você foi apresentado ao George Harrison. Poderia nos contar como foi ?

LULU : Fui apresentado ao George Harrison em oitentaepoucos, na véia w.e.a.
Ele foi gentil e perguntou porq todos os boys in Brazil had girl names. Explica-se: Lulu p’ra eles lá é A Luluzinha dos quadrinhos d Marge, afora isso, rolava aquela parada d umas camisas d brechó d firma americana, com o nome do funcionário/a estampado, e tinha uns e outros vestidos d Debbie e Gloria, digamos, sopracontrariá.
Também falou q o q ele, George, tinha tido mesmo, era sorte, q às vezes ele percebia q qquer um poderia ter estado em seu lugar, q o destino era o responsável, coisa e tal... sábio.
D minha parte, não estaria aqui jogando fora, se não tivesse havido George Harrison e o conjunto dele. Eu poderia ter acabado no Itamaraty... sabe-se lá, mas não, ‘tô bem aqui.
Patrick Moraz, o obscuro tecladista egípcio/suíço, da claramente obscurantista banda Yes foi o agente da dissolução do meu próprio conjunto obscurantista, Vímana. Foi sob sua égide q um grupo q não ia a lugar nenhum deu lugar a carreiras mais... ,...mais.
Volto a lembrar q não imagine q chegasse a formar um grupo obscuro se não fosse o brilhante conjunto do gêagá, lá do topo.

Fernando: Você aparece nas fotos de divulgação de seu novo CD "Programa", com uma Rickenbacker 12 cordas que eu soube que é uma de suas paixões........É verdade ?

LULU : Até contei uma vez isso no meu site. é uma 360/12 v 64,vermelha q só ela,fireglo como eles chamam. uma c-o-i-s-a,obra-d-arte-total,dá vontade d morder d tão lindona& gostosa.
parece uma cruza d um rabo-d-peixe,toda aquela estética aerodinamica do fim
da decada d 50,com uma pitada extravagante d deco,um autentico
objeto-do-desejo se algo pode ser chamado assim. d 74 p'ra cá tive 3
rickenbacker,a cada uma delas meu entendimento e familiaridade aumentaram
até o 'ninho-d -amor'(hifen...muito hifen) q vivemos agora. a primeira
delas foi uma incognita,elaboro: desd a primeira vez q pus os olhos numa
rick em alguma foto dos beatles em..sei lá 64,65,achei q guitarrelétrica era
aquilo. nada podia ser mais voluptuoso,detalhado,vermelho e cromado do q
ela,eu a quis,e a desenhei em todos os cadernos e livros d
geografiahistoriamatematicaciencias q me passaram pelas mãos. levou mais
uns 10 anos a partir daí(o tempo q dura uma obsessão) p'ra d fato por as
mãos numa. era preta(jetglo),366/12,com um estranho gancho q separaria as
oitavas das cordas regulares p'ra vc tocar como se fossem 6
cordas.bullshit,ñ funcionava,continuava-se a sentir 12 cordas na mão
esquerda,bend nem pensar. mas estava ali e era minha,podia
limpar,esfregar,trocar d corda...ai,trocar d corda q DIFICULIDADE,como diz o
pi. p'ra encurtar,o instrumento era melhor q eu. não sabia direito o q
fazer com tanta lindeza,tanto acabamento,tanta...corda. pior mesmo era
ver/ouvir o SERGIO DIAS na minha cara fazer tudo q o prospecto prometia.
guitarra d 12 é p'ra ser magica,disneylandia,saca?aqula coisa meio
cravo,meio sitar,inteiramente sino...isso,guitarra d 12 tem q soar como
sino,a minha,'tadinha,eu estrangulava,por falta d jeito,d tato,d
delicadeza,bronco estupido q eu era. a rickenbacker tem essa
particularidade,q vem d fabrica encordoada coma s cordas oitavas abaixo das
regulares,ao contrário d qq outro instrumento d 12,o resultado é q ela soa
diferente.pelo menos 70 % do q eu,pelo menos,toco,vem d cima p'ra baixo,a
palheta ataca as cordas do grave p'ro agudo,como na rick as oitavas estão a
baixo,a chance d voce conseguir d fato faze-las soar é muito maior,qto mais
oitava soando,mais sino fica. a primeira coisa q fiz foi inverter essa
ordem...estupidez. e as coisas q teimava em tocar,os garanchos ambiciosos q
eu perpetrava...a guitarra cruzava as pernas com forza e nada rolava,ô
inabilidade! evidentemente pus a culpa toda na guitarra,falei q era isso e
aquilo...besta,frigida e o escambau,passei a diante. a segunda nasceu em
tipo 90/91,era tb jetglo,mas modelo 350/12v63(parece nomenclatura d arma
quimica,odeio essas siglas) 'john lennon',em homenagem ao beatle q a
popuarizou e da qual fabricou se apenas umas tantas(ñ me lembro
qtas),portanto vinha com um certificado d 'nascimento'e esta em particular
tinha sido finalizada num 12 d setembro,dia do aniversário d scarlet. foi
bem mais bacana a relação,eu já era um musico d fato,­ o aspirante d 74,já
tinha uma carreira e gravaria justamente o 'mondocane d 92'qdo a arrematei,d
novo na mão do dick,zeke,shit...da matt umanov(o cara tinha um visgo,gostava
d e sabia vender guitarra)q é a melhor,mais simpatica loja d musica d nueba
yol,a começar pq fica na west bleecker entre a sexta e a setima,longe da 48
e midtown, do lado direito d quem goes west,entre aquela confeiteria
italiana q tem um 'canolli'd comer chorando e o antiquario d brinquedo(last
wound?). ouço em faixas do citado album como 'um vicio' e'foi mal' como o
sino quase soava,aqui ali em dados momentos ela chega a ring(como seria
ring,em termos d soar,em portugues.acho q ñ é.)
...quase lá
'­ custa lembra q ,a titulo d ilustração'o'mondocane'está audivel em mp3
no meu site' esta ultima e nova rick,é,com certeza a definitiva. é tudo q
disse aí em cima e mais. todo dia pego um trapo com brasso e fico
polindo,pq vcs sabem,sino é d bronze e se ­ for limpo
direitinho,esverdea,azinavra fica feio,e mudo. nénão...ôôô?.
­ cheguei a gravar nada co'ela,no PROGRAMA usei a querida jerry jones
'verdona',q é o q se ouve na leslie em 'Todo universo'. provavelmente vou
querer usa-la(a rick)no show,provavelmente em 'aquilo' epilogo?: por mais q
tentassemos,rto teixeira e eu conseguirmos um intrumento zero,cabaço,depois
d quase um ano procurando só rolou d segunda mão,perfeita mas d segunda.
parece q a rickenbacker só está fabricando por encomenda e leva 6/8 meses.
estranho,tentei ir ao site da fabrica p'ra pegar uma foto p'ra
ilustrara aqui,e o site estava fora do ar. será q a rickenbackerfechou?quem vai fazer sino,q é p'ra gente badalar?

Não Lulu , para nossa sorte a Rickenbacker não fechou......



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